terça-feira, 13 de setembro de 2011

Os curtas de Beto Brant

Às vésperas de apresentar pela primeira vez seu sétimo longa-metragem ("Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios", codirigido por Renato Ciasca, vai ter premiére no Festival do Rio em outubro), o cineasta paulista Beto Brant vem hoje [12 de setembro] a Belo Horizonte para, no projeto Curta Circuito, apresentar uma série de curtas-metragens que marcam uma antiga e uma nova fase na carreira.

A antiga se refere ao começo como realizador, representado por "Aurora" (1987), feito com Ciasca, "Dov’e Meneghetti" (1989) e "Jó" (1993), este em parceria com Ralph Strelow. "São projetos de uma época minha ligada à informação, quando eu estava me encontrando dentro do cinema, buscando as possibilidades de linguagem e algum tipo de amadurecimento", define Brant.

Na época da trinca acima, o cineasta acabara de se formar no curso de cinema da Faap, em São Paulo. Nesses pequenos filmes, é possível perceber elementos que depois seriam cada vez mais aperfeiçoados por Brant, entre eles o gosto por adaptações literárias ("Aurora" leva à tela um trecho de "O Céu em Minhas Mãos", do argentino Mempo Giardinelli) e a investigação de formas variadas de narrar - o que está bastante presente nas diferenças estéticas de longas como "O Invasor" (2001), "Crime Delicado" (2005) e "Cão sem Dono" (2007).

Já a segunda leva de curtas a serem apresentados fazem parte de uma busca mais atual de Beto Brant - a do experimentador de tecnologias, a do artista que descobre as infinitas possibilidades dos novos equipamentos de filmar. "Nicinha, um Transe Amazônico" (2011), "Cura Dor" (2006) e "Asas, Sombras, Bicos e Unhas de Sonhos" (2007) são filmetes de três a sete minutos feitos a partir de pesquisas para outros projetos ou diante do desafio de usar de câmeras de celular.

"Esse tipo de filme me permite uma independência muito grande", diz Brant. "Estou muito animado de continuar fazendo e trabalhando nisso sempre. Estou até me equipando melhor para dar seguimento".

Desde 1997, quando surgiu no circuito de longas-metragens com "Os Matadores", Beto Brant tem se reafirmado como um dos nomes mais expressivos do audiovisual de ficção brasileiro. Além da força dos filmes (vieram depois "Ação Entre Amigos", "O Invasor", "Crime Delicado", "Cão sem Dono" e "O Amor Segundo B. Schianberg"), o diretor tem se notabilizado pela bem-sucedida parceria com o escritor Marçal Aquino, autor do roteiro de quase todos os seus filmes e também de contos e romances que originaram boa parte dos trabalhos de Brant.

Aliás, "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios" adapta romance homônimo de Aquino, publicado em 2005. É também o segundo longa que Brant assina com o velho amigo e parceiro Renato Ciasca.

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