Cinema, literatura & quadrinhos
Criticas, resenhas, artigos e reportagens de Marcelo Miranda
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Novo "Batman" nos cinemas
A ansiedade dos fãs, a publicidade grandiloquente ("o desfecho épico da trilogia") e o sucesso do episódio anterior, feito em 2008, tornaram a estreia de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" algo próximo de um ritual litúrgico. Serão quase mil salas exibindo o longa. Todo mundo quer ver o novo filme com o Homem-Morcego dirigido por Christopher Nolan. O terrível massacre ocorrido no Colorado (EUA) na semana passada até deu uma tremida na expectativa, mas nada que não vá dar jeito de empurrar para lá.
Épico, de fato, o filme faz de tudo para ser. Não apenas pela música quase onipresente ao longo das 2h40 de duração, mas pelas situações apresentadas no enredo, que procuram amarrar elementos dos dois filmes anteriores feitos por Nolan e criar um desfecho à trilogia iniciada em 2005 por "Batman Begins".
Algo, porém, perdeu-se pelo caminho e fez da terceira parte da franquia um amontoado de acontecimentos pretensamente tensos e cujo núcleo se torna o desgastado e indefectível desafio de impedir que um bandido alucinado destrua toda a cidade com um artefato nuclear. Desafio este, aliás, que já estava presente em "Batman Begins" (com outro tipo de artefato) e serve de gancho para essa conclusão na figura de Bane, terrorista brutal e enigmático que chega a Gotham City disposto a tornar a cidade uma terra sem leis para, depois, explodi-la.
Christopher Nolan divulgou esta semana uma carta na qual se despede da franquia do Batman sendo bastante claro sobre nunca ter previsto fazer três filmes interligados. "As pessoas perguntam se sempre planejamos uma trilogia. É como ser perguntado se planejamos crescer, casar e ter filhos. A resposta é complicada", diz Nolan.
A boa recepção crítica e financeira do primeiro filme praticamente obrigou o diretor a realizar um segundo. Quando "O Cavaleiro das Trevas" ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão no mundo, não havia a menor dúvida de que um terceiro viria naturalmente. Isso de forma alguma significa, como muita gente alardeou, que Nolan tivesse tudo preparado na cabeça, com a resolução da trama moldada desde sempre. A morte de Heath Ledger em 2008, meses antes da estreia de "O Cavaleiro das Trevas" - filme no qual o ator interpretava uma versão memorável e perturbadora do vilão Coringa - foi um baque que ninguém esperava e obrigou os produtores da Warner a mudarem eventuais planos de tê-lo numa terceira parte.
Afinal, não deve ser coincidência que o Coringa não morra no segundo filme; menos acaso ainda deve ser o fato de que o personagem nem sequer é citado na terceiro parte, por mais referências que se tenha a diversos elementos dos episódios anteriores. A partida precoce de Ledger deve ter sido um choque tão grande que os roteiristas nem souberam (ou não quiseram) tratar do Coringa nesse desfecho.
*Publicado em "O Tempo" no dia 26.7.2012
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